RELATOS DE VIDA

 

Curso Pós Graduação Tecnologia Produtos Florestais - Universidade Federal de Santa Maria - 1990-2000

 


UFSM - Universidade Federal de Santa Maria, para mim a mais generosa das universidades em que trabalhei. Para ela dediquei cerca de 10 anos de minha vida como professor universitário. Foram muitas as maneiras que encontramos para o relacionamento professor/universidade, em diversas vezes com quebras de paradigmas e em outras com limitações que acabaram por encerrar prematuramente com esse mesmo relacionamento, para minha decepção. Nessa universidade pude com certeza aprender na prática muito sobre restrições, sobre oportunidades desperdiçadas, sobre dificuldades orçamentárias e sobre a complexidade do sistema de gestão pública. Entretanto, nessa mesma universidade, aprendi a fazer do limão uma boa limonada, aprendi a conviver em ambientes com limitações, mas ainda assim obter sucessos através dos talentos dos alunos e professores. Aprendi também a entender um pouco mais sobre o ser humano, sobre amizades sinceras, sobre vaidades e egoismos pessoais, sobre procrastinações, sobre desafios a nos estimular e sobre agregação e desagregação de equipes. Aprendi ainda, e muito, em como desenvolver entusiasmo em alunos que pouco sabiam sobre a tecnologia de celulose e papel, quando ali chegaram, mas que queriam abraçar esse campo de conhecimentos com determinação. Diversos deles são hoje profissionais bem sucedidos do setor, outros retornaram às origens florestais, enquanto outros ainda esperam uma oportunidade no setor. Talvez a coisa que mais aprendi foi a maneira de desenvolver um curso híbrido, onde parte dele era realizado no próprio campus universitário de Camobi, da UFSM, e parte nas instalações da minha antiga empresa, a Riocell S/A. Essa empresa e sua vocação de desenvolvimento tecnológico e humano naquela época, ainda vive na minha memória e na de muitos brasileiros e cidadãos do mundo, apesar da mudança de nome e razão social.

Antes de começar essa história, gostaria de agradecer a generosidade da UFSM, que em maio de 1997 me concedeu o título de doutor "honoris causa" por ela atribuído como tendo sido em função de minhas valiosas contribuições ao setor florestal. Em uma cerimônia cheia de emoções e com a presença de amigos sinceros e de minha esposa Lorena, recebi do reitor na época, o professor Odilon Marcuzzo do Canto, uma de minhas maiores conquistas profissionais. Esse reconhecimento sincero e recíproco entre a UFSM e minha pessoa é algo que preservarei para sempre, como algo que valeu a pena e muito, que criou um vínculo de amor e de respeito entre nós. Essa conquista profissional só foi possível pela mobilização de amigos e professores da UFSM com os quais sempre me identifiquei pelo valor e entusiasmo que possuem, os professores César Finger, Paulo Schneider, Juarez Hoppe e Solon Longhi. A eles, minha amizade e agradecimentos sinceros. Ao estimado Juarez, que já nos deixou, minha admiração pelo seu trabalho , competência e dedicação.

Sempre me lembrarei da UFSM como uma entidade que me trouxe emoções opostas e em grande intensidade. A alegria de um doutoramento "honoris causa", as amizades conquistadas, tanto de professores como de alunos, o cargo eleito de diretor executivo do CEPEF - Centro de Pesquisas Florestais: tudo isso foi muito apreciado e tocou-me profundamente. Por outro lado, a lentidão nas decisões para se instalar nosso laboratório de celulose e papel, as dificuldades na integração da equipe de professores, a falta inimaginável de recursos e a decepção na impossibilidade de continuar atuando como professor naquela instituição, colocaram algumas pitadas de emoções um pouco mais tristes na minha passagem por lá. O balanço das emoções é porém muito mais favorável ao mundo do mais do que ao mundo do menos. As amizades, as publicações técnicas, inclusive as primeiras publicações virtuais criadas pelo CEPEF, a excelente revista Ciência Florestal, as mudanças que fizemos no CEPEF para dinamizá-lo, os alunos vencendo desafios definitivamente difíceis, a parceria com a Riocell, o apoio recebido de outros profissionais voluntários da Riocell como do Marco Aurélio Luiz Martins e Jorge Vieira Gonzaga, o entusiasmo e a dedicação das professoras do Departamento de Química da UFSM Sônia Maria Bitencourt Frizzo e Maria Cládis Mezzomo da Silva, tudo isso guardarei como significativos incrementos em minha carreira profissional e vida pessoal. A tudo isso, só posso agradecer por ter tido a chance de vivenciar.

Acredito que agora já poderei contar a vocês como tudo isso começou. Fui professor contratado da USP (1974 -1976), depois professor visitante da UFV (1977 - 1979), retornando novamente como professor visitante na USP (1980 - 1981). O importante é que ao término de minha segunda passagem como professor da USP, havia decidido definitivamente "pendurar as chuteiras" como professor universitário. Sabia que seria difícil, mas minha carreira profissional à frente de um centro tecnológico industrial e a difícil missão de trabalhar pelo desenvolvimento ambiental da empresa Riocell, pediam que eu me dedicasse muito mais a essas causas do que à vida acadêmica (coisa que sempre gostei de fazer). Na Riocell tive definitivamente desafios e conquistas maravilhosas. Por essa razão, entre 1982 a 1990 estive com a camiseta Riocell "grudada no corpo", apesar de minha intensa participação em muitas associações técnicas e profissionais como ABTCP, ANPEI, ANFPC, CENEX, FIERGS, etc. Em meados de 1989 fui "cautelosa e sorrateiramente" procurado pelo superintendente florestal da Riocell, o amigo Alcides Gasparotto, junto com alguns professores da UFSM. Com uma proposta tentadora e com uma "fala mansa e bem medida", mostraram a disposição da Riocell em apoiar a criação de um curso de mestrado em engenharia florestal na UFSM. Precisavam também de meu apoio e vieram pedi-lo ou conquistá-lo. As opções de diversificação seriam: Silvicultura, Manejo Florestal e Tecnologia de Produtos Florestais. Essa última dependeria muito de minha aceitação em voltar a lecionar disciplinas de celulose e papel. Era um momento interessante de minha carreira. Estava me tornando diretor de tecnologia e ambiente na Riocell, novas oportunidades e desafios surgindo, inclusive com as muitas pressões ambientais que todo o setor recebia na época. Como sempre gostei de muito trabalho e estava definitivamente com saudades de "dar aulas", meus olhos brilharam e o coração também. Propus, para facilitar as coisas, a chance ímpar de termos um curso realizado parte na universidade e parte na empresa. A aceitação da proposta pela UFSM foi o suficiente para que eu abraçasse a causa. Busquei ajuda interna e consegui dois novos professores para as aulas de mestrado em tecnologia de celulose e papel e para orientação aos alunos. Meus "quase irmãos" Marco Aurélio Luiz Martins e Jorge Vieira Gonzaga se uniram também voluntariamente para essa tarefa. As disciplinas foram criadas, a primeira turma matriculada e as aulas começaram tanto em Santa Maria como em Guaíba. Em Santa Maria, para a temática anatomia e química da madeira, tecnologia de outros produtos florestais, e aspectos ambientais, contávamos com o apoio da Sônia Frizzo, da Maria Cládis Mezzomo, do José Newton Cardoso Marchiori, do Elio José Santini, do Clóvis Roberto Haselein e do Ayrton Figueiredo Martins. Definitivamente, a Riocell era uma oportunidade inigualável aos alunos acadêmicos. Eles ficavam cerca de 12 a 18 meses na fábrica e laboratórios da empresa, desenvolviam seus trabalhos de pesquisa, assistiam aulas de treinamento de operadores, recebiam manuais de treinamento, escreviam artigos e relatórios técnicos, assistiam minhas aulas, as do Jorge e do Marco, além de poderem assistir qualquer curso que tivéssemos no Centro Tecnológico. Como foi a época dourada das certificações ISO e florestal, acabaram aprendendo muito sobre isso tudo também. Em Santa Maria assistiam aulas complementares de tecnologia de produtos florestais, estatística, anatomia, química e qualidade da madeira, controle ambiental, etc. Os alunos viviam um mundo acadêmico e industrial talvez único no Brasil naquela época. Um sanduíche perfeito entre teoria, aplicação e prática, muita prática.

Nessa década dos 90's, a Riocell desenvolveu muitas pesquisas sobre branqueamento, cozimento, prevenção de poluição, uso de antraquinona, produção de celulose solúvel, qualidade da madeira, novas espécies de eucaliptos, além das implantações de seus sistemas de qualidade ISO. Os alunos em suas atividades na empresa podiam participar de tudo isso e muito mais. Nas paradas da fábrica podiam aprender como era uma caldeira por dentro, um forno de cal, enfim, ver os interiores das máquinas e a forma delas operarem em sua intimidade. Acabavam também conhecendo os planos de P&D da empresa e algumas das dissertações se inseririam no mesmo. Recebiam também todo o treinamento ambiental e de segurança que a empresa aplicava a seus funcionários, visitavam a área florestal e tinham ainda a chance de concorrer a empregos na própria Riocell. Nos laboratórios da empresa recebíamos muito apoio de técnicos da Riocell como da Vera Sacon, da Patrícia Oliveira, do Sérgio Menochelli, do Celívio Heidrich e muitos outros que cooperavam nos ensinamentos laboratoriais e nas pesquisas. Isso sem nos esquecermos do acesso que tinham em uma das melhores bibliotecas disponíveis no Brasil sobre celulose e papel.

Em maio de 1998 meu casamento de 19 anos com a Riocell chegou ao final. Deixei a empresa por iniciativa própria, insatisfeito que estava com as medidas reducionistas que estavam acontecendo, mas que não era privilégio só daquela empresa, mas do setor. Era o modelo da época, mostrar eficiência em custos, mesmo que fosse às custas de perdas de talentos humanos e de redução de conhecimentos e de networking. Esse desligamento causou apreensão em meus colegas da UFSM, que viram o perigo de perder minha colaboração ao curso, que era totalmente voluntária até então. Minhas novas atividades poderiam acabar por afastar-me do curso. Em meados desse ano de 1998, após meu desligamento da empresa, fizemos uma reunião de professores da UFSM com o diretor superintendente da empresa. O resultado foi positivo: a UFSM deveria buscar maneiras de manter-me na equipe, mas a empresa Riocell continuaria a apoiar o curso com bolsas de estudo e cessão de seus laboratórios para as pesquisas de seu interesse. Não era exatamente o que estávamos tendo até o momento, mas era excelente para a sobrevivência do curso em moldes interessantes e práticos. A solução para continuidade de minhas aulas e orientações foi resolvida com minha contratação como professor visitante da UFSM pelo período de dois anos, até final do ano 2000. Já não contaríamos mais com a ajuda do Marco e do Jorge como professores, mas eu poderia dar mais tempo à universidade e com isso abraçar toda a carga letiva necessária.

Um novo sonho começaria para mim a partir de dezembro de 1998. Estava voltando à universidade, com contrato e tudo, apesar de ser temporário. O sonho era bastante motivador: redesenhar o curso, adequá-lo, construir um laboratório para atender o setor no Rio Grande do Sul, promover a integração a nível de RS com Sinpasul, Ageflor, ABTCP, etc. Passei a contar mais com o apoio dos professores de tecnologia de produtos florestais Elio Santini e Clóvis Haselein. Os desafios eram grandes e as dificuldades maiores ainda. A universidade talvez não estivesse acostumada com minha forma franca, dinâmica e muitas vezes contestadora, coisa conhecida no setor. Falhamos em alguns pontos importantes ao não conseguir as velocidades adequadas. Diversas de nossas metas foram esbarrando ou em burocracias, ou em falta de apoio, ou em falta de recursos. A principal carência e indefinição que encontrei em Santa Maria foi a total falta de disponibilização de um pequeno espaço físico para se montar um laboratório de celulose e papel, para o qual tínhamos equipamentos, alguns adquiridos pela universidade, outros doados pela Riocell. O assunto se arrastou por dois anos e nada conseguimos. Havia até mesmo uma promessa para que um laboratório pequeno de 30 m2 fosse utilizado, mas acabamos também perdendo essa oportunidade. Aprendi que espaço físico é algo muito disputado em instituições públicas. E ainda, que os mais antigos são os mais poderosos nesse particular. Coisas de direito do tipo "uti possidetis".

No final do ano 2000, meu contrato temporário terminou. Como não foi possível a disputa por um lugar como professor efetivo no quadro docente da UFSM, conforme o pessoal do departamento de Ciências Florestais acreditava que ocorresse, decidi que renovar um novo contrato temporário não era a forma que eu queria para viver profissionalmente. Deixei com tristeza e decepção a UFSM, mas definitivamente não abandonei os alunos que ainda estavam sob minha orientação. Fomos juntos a eles até o momento das defesas de suas dissertações e obtenção de seus títulos acadêmicos. Também continuamos a apoiar estudantes da graduação, procurando ajudá-los em suas pesquisas, estágios e cursos. Ao longo desses mais de 10 anos, muitos foram os alunos de graduação e pós-graduação que passaram pelos laboratórios de química da UFSM e do centro tecnológico da Riocell. Diversos deles realizaram pesquisas e publicações que estão em congressos da ABTCP, em revistas especializadas e em dissertações de mestrado. Praticamente todas essas publicações estão disponibilizadas nesse website www.celso-foelkel.com.br em diversas de suas seções.

Além de atuar como professor do curso de pós-graduação em Engenharia Florestal na área de Tecnologia de Produtos Florestais, tive o privilégio de também participar como professor do curso de especialização "latu senso" em Educação Ambiental da UFSM, uma realização entusiasmada do professor Juarez Hoppe. Foram muitos os alunos e alunas para os quais pude falar sobre gestão ambiental, selos verdes, análises de impactos ambientais, etc. Um obrigado e meu reconhecimento a eles também.

Finalmente, não poderia deixar de contar a vocês sobre minha passagem como diretor executivo do CEPEF - Centro de Pesquisas Florestais. Esse instituto de pesquisas congrega diversas empresas florestais regionais e mais o departamento de Ciências Florestais da UFSM. O objetivo é a íntima cooperação universidade/empresa, nos moldes do IPEF/ESALQ e SIF/UFV. No início dos anos 2000, recebi a missão de dirigi-lo. Mais uma vez, encontramos recursos escassos, mas muito entusiasmo para mudanças. O planejamento estratégico para o futuro praticamente inexistia e os recursos eram mais destinados às publicações, como a revista Ciência Florestal e diversos folhetos, anais de congressos e escassos livros. Decidimos dinamizá-lo e sair do mesmismo. Para isso, fizemos uma parceria com um de nossos mais talentosos alunos, o hoje professor da UCS em Caxias do Sul, engº florestal Everton Hillig. Com uma interessante forma de gestão, passamos a criar diferentes cursos definitivamente atrativos na época: certificação florestal, gestão florestal, agro-silvicultura, manejo para usos múltiplos, etc. Aos alunos da UFSM oferecíamos a oportunidade de participar ao custo do material impresso ou do CD das palestras. Passamos a criar publicações virtuais online, uma novidade na época. Acredito que quebramos algumas barreiras e resultamos em benefícios para associados e corpo discente da UFSM. Isso sem deixar de cumprir as metas que vinham sendo administradas pela gestão anterior. Também na época incentivamos o aperfeiçoamento do website do CEPEF, muito bem desenhado pelo engenheiro florestal Gerson Selle. Acredito também que tenha deixado alguns descontentamentos em alguns, mas isso faz parte de processos de mudanças.

Vale ainda a pena mencionar o entusiasmo que tomou conta da UFSM quando nossa equipe conseguiu ganhar o prêmio de trabalho de maior aplicação prática no Congresso Anual da ABTCP de 1999. Com a perseverança de nossa aluna orientada Dorotéia Maria Martins Flores, apresentamos o trabalho de título "Amostragem de árvores para estudos tecnológicos da madeira para produção de celulose: tamanho da amostra, número mínimo de repetições e variabilidade das propriedades para um clone de Eucalyptus saligna Smith". O sucesso foi enorme ao se conseguir esse feito para a UFSM. Até mesmo a rádio acadêmica da UFSM quis entrevistar nossa equipe, dando destaque ao curso e aos alunos do mesmo. Algo que encheu de orgulho a nossa pequena e esforçada equipe. Apesar das dificuldades e da falta do laboratório de celulose e papel na universidade, compensávamos nossas deficiências com o laboratório de química da professora Sônia Frizzo e com as pesquisas nos laboratórios da Riocell. Por essa razão, é muito importante se ressaltar a parceria com a Riocell como da mais alta importância para nosso curso. De 1990 até o ano 2002, a Riocell colaborou como poucas empresas fizeram até hoje no Brasil para que a ciência, a tecnologia e a educação avançada em celulose e papel pudessem se alicerçar fortemente no país. Com a possível retomada do curso em Santa Maria, nos meados dessa primeira década dos anos 2000, esperamos que a Aracruz Guaíba, que sucedeu a nossa "sempre viva Riocell", possa assumir de novo esse papel, agora "sob nova direção".

Até hoje tenho dúvidas porque não foi possível a minha efetivação no quadro de professores da UFSM. Acredito que parte das razões se devem aos eucaliptos, minhas árvores favoritas, como todos vocês sabem. A história é vivenciada e interessante, por isso vou lhes contar. Poucos meses antes do término de meu contrato, a UFSM através de sua administração, decidiu cortar um pequeno bosque de eucaliptos, de árvores certamente com mais de 40 a 50 anos. Elas eram magníficas, entre 50 a 100 cm de diâmetros na base. Essas árvores se mesclavam com árvores nativas em algo ímpar no campus da UFSM. Com um pouco mais de manejo florestal e com um bom plano de adequação paisagística, poderiam até mesmo entrar no roteiro turístico do campus universitário. O motivo era fútil, as árvores seriam sacrificadas para se colocar no lugar uma pequena antena, que poderia muito bem ser colocada a poucos metros dali. Quando percebi o som das ameaçadoras moto-serras e as primeiras vítimas tombando, pedi ajuda a alunos no saguão do prédio da engenharia florestal. Bradei como um bom defensor do ambiente: "Estão derrubando nossos eucaliptos. Quem irá comigo salvá-los?". Surpreendi-me que a maioria dos futuros engenheiros florestais ficou indiferente, naquela visão de quem não quer incomodação. Entretanto, uns poucos, talvez 5 ou pouco mais, me acompanharam. Oferecemos nossos corpos como proteção contra o desmatamento. Os moto-serristas se assustaram, pararam de fazer barulho e destruição. Surgiram os guardas da UFSM e até mesmo o vice-reitor da época a nos pedir que deixássemos cortar o bosque. Não abrimos mão de nossa disposição, só sairíamos se parassem a derrubada. O resultado foi uma interrupção dos serviços de corte. Foram chamadas as chefias do departamento, do Centro de Ciências Rurais, etc., etc. A burocracia em todo seu esplendor. Até mesmo a imprensa local noticiou sobre nossa defesa às árvores. Resultado disso tudo, até minha saída, em dezembro de 2000, lá estavam os eucaliptos a nos agradecer todo dia pela sobrevida que lhes conseguimos. Talvez essa ousadia em ir contra o "status quo" da academia que tenha me penalizado com a não abertura de vaga para professor para nosso departamento, enquanto para outros sim. Ao sair da UFSM em dezembro de 2000, deixei uma mensagem de despedida a todos, nos diversos quadros de aviso, com um lembrete: "por favor, cuidem dos eucaliptos, a ameaça persiste". Sabia que minha saída da universidade poderia estar a condená-los, mas acreditava que outros engenheiros florestais abraçariam a causa. Engano, poucos dias depois, as árvores foram todas abatidas, dizimadas, mortas e destocadas. Um desastre ecológico local. Uma lástima para nossa silvicultura.

Ao deixar a UFSM para ter "carreira solo", como consultor, palestrante e escritor, dei uma olhada para nossos 10 anos de curso e vi que valeu a pena. Muita coisa havia sido feita, muitas conquistas alcançadas. Havíamos deixado algumas sementes plantadas na forma de novos mestres e engenheiros com especialização em celulose e papel. Tínhamos a esperança, ainda hoje mantida, que alguns deles possam retornar para dar continuidade a esse trabalho.

A partir de 2005, a dinamização do setor de celulose e papel no estado do Rio Grande do Sul despertou de novo a UFSM, ainda que tardiamente. Novas possibilidades de fábricas e de novas florestas plantadas começaram a surgir no estado: aumento de capacidade da atual Aracruz Guaíba (ex-Riocell), instalação da Votorantim Celulose e Papel, instalação da Stora Enso, dinamização da acacicultura, etc., etc. A reconhecida carência de "know-how" e de formação profissional no estado em tecnologia de celulose e papel ficou evidenciada. A UFSM, que tinha ficado praticamente em dormência na primeira metade da primeira década dos anos 2000, tinha agora nova oportunidade. Surgiram recursos para a construção de um novo laboratório de produtos florestais, e finalmente nele, de um laboratório de celulose e papel. O mesmo laboratório que sonhávamos no final dos 90's, agora poderia nascer. O sonho poderia de novo vir a se tornar realidade, só que agora com novo maestro. Alguns de nossos antigos alunos conseguiram crescer na carreira, tanto em passagens por fábricas, como em cursos de doutoramento. As oportunidades estão de novo surgindo. Torço muito para que se materializem. Conto sinceramente que possamos ter um laboratório qualificado para atender o sul do país, e porque não o Uruguai e o Paraguai, também. Eu, Marco, Jorge Gonzaga, Sônia, Mariazinha não estaremos mais na rotina das aulas e das orientações. Juarez Hoppe e Jorge Gonzaga, lá do céu, onde certamente estão, devem também estar torcendo para que o sucesso seja alcançado. É preciso velocidade e "timing", coisas sobre o que a UFSM precisa aprender mais. Mesmo à distância, nosso apoio poderá ser útil nessa nova fase.

Da mesma forma que fizemos para o curso da UFV, estamos colocando para download, algumas das provas aplicadas nas minhas disciplinas, as ementas das mesmas, e as dissertações de todos meus ex-alunos que autorizaram a sua disponibilização nesse meu website. Veja o material todo em "Artigos e Teses do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da UFSM". Como tenho o hábito de permitir alunos ouvintes em minhas disciplinas, os quais eram também cobrados por freqüência e por desempenho para receber um certificado, vocês notarão que algumas das dissertações não são necessariamente em tecnologia de produtos florestais ou de celulose e papel. A eles, meu agradecimento também, pois se voluntariaram a aprender sobre celulose e papel como complementação em suas carreiras.

Finalizando, meu especial agradecimento a todos meus ex-alunos e colegas professores pela contínua motivação com que sempre me energizaram. Agradecimento especial também a dois de meus mais sinceros amigos na UFSM, professores César Augusto Guimarães Finger e Paulo Renato Schneider.

Relação dos nossos ex-alunos dos cursos de pós-graduação da UFSM
Afonso Moura
André Freddo
Andréia de Magalhães Freitas
Cláudia Adriana Bróglio da Rosa
Darci Alberto Gatto
Dorotéia Maria Martins Flores
Edison da Silva Campos
Everton Hillig
Flávia Muradas Bulhões
Gabriel Valin Cardoso
Giovanni Willer Ferreira
Irineu Dalmolin
Leonardo da Silva Oliveira
Lúcia Helena Jerônimo
Luciano Xavier Mezzomo
Maria Leopoldina Keller do Canto
Maristela Machado Araújo
Merielen de Carvalho Lopes
Rafael Hardt Araújo
Sônia Maria Bitencourt Frizzo

Relação dos nossos ex-alunos e/ou ex-estagiários dos cursos de graduação da UFSM (química, química industrial, engenharia florestal)
Andréia Flores Guarienti
Angela Cristina Kasper
Cristiane Pedrazzi
Douglas Seibert Lazaretti
Eduardo Righi dos Reis
Kênya Pereira Serafim
Leandro Calegari
Marcelo Castoldi
Márcia Catarina Holkem de Souza

Links atuais sobre o curso de pós-graduação da Universidade Federal de Santa Maria

http://www.vsdani.com/ppgef/ (Programa de pós-graduação em Engenharia Florestal da UFSM)

http://www.vsdani.com/ppgef/index.php?menu=tesesdissertacoes (Relação das teses e dissertações defendidas)

http://www.ufsm.br (Portal da Universidade Federal de Santa Maria)

http://www.ufsm.br/dcfl (Portal do Departamento de Ciências Florestais da UFSM)


Links atuais com o CEPEF, Revista Ciência Florestal e páginas para downloads de artigos e publicações

http://www.ufsm.br/cepef/index_2.html (CEPEF - Centro de Ciências Florestais)

http://www.ufsm.br/dcfl/seriestecnicas.html (Série Técnica e outras publicações virtuais)

http://www.ufsm.br/cepef/publicacoesonline.html (Publicações online do CEPEF)

http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/cienciaflorestal/index (Revista Ciência Florestal)

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